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Estagiários são acusados de vazar operações contra o tráfico de drogas no RS

Polícia Civil do Rio Grande do Sul prende estagiários e servidores da Justiça por vazamento de informações sigilosas em operações contra o tráfico



30/10/2023 22:42 por Com informações do G1 RS

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Polícia flagrou tráfico de drogas em condomínio de Porto Alegre — Foto: Polícia Civil/Divulgação

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A Polícia Civil do Rio Grande do Sul realizou uma série de operações em cinco cidades do estado, culminando na prisão de estagiários e servidores públicos do Tribunal de Justiça, acusados de vazarem informações sigilosas relacionadas a processos contra traficantes de drogas ligados a uma facção criminosa. As informações vazadas iam desde mandados de prisão até detalhes de operações de busca e apreensão envolvendo os traficantes.

A delegada da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Fernanda Amorim, revelou em uma entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, que esses indivíduos recebiam informações constantes sobre datas e alvos de mandados, assim como detalhes sobre as operações planejadas. "Eles recebiam informações consecutivas sobre quando seriam cumpridos os mandados, quem seriam os alvos. Em quais casas a polícia entraria", explicou a delegada.

Nas investigações, a polícia descobriu que os estagiários cobravam valores diferentes dependendo da importância do investigado. "Os valores variam e variam de acordo com essa importância, com o grau hierárquico que eles ocupam na organização", disse a delegada.

A facção criminosa envolvida nas investigações é responsável pelo tráfico de drogas em um condomínio em Porto Alegre, conforme relatou o diretor do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), Alencar Carraro. As informações vazadas permitiram que os criminosos retirassem materiais ilícitos do local, como drogas, armas e dinheiro.

Além disso, houve casos em que os criminosos foram alertados com antecedência sobre operações em andamento. Um exemplo disso foi um aviso enviado por mensagem, em que um bandido informou a outro que "a mulher do foro diz que tem uma mega operação sigilosa." Essa "mulher do foro" era uma estagiária do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que fornecia informações para a quadrilha.

Em Santa Maria, a polícia não conseguiu prender um gerente do tráfico de drogas porque as casas estavam vazias quando chegaram. Um agente da delegacia de homicídios comentou: "Chegando no local, nos deparamos com casas vazias, como se já estivessem nos esperando."

Além dos estagiários, ex-estagiários do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul também estão entre os acusados. O desembargador Antonio Vinicius Amaro da Silveira afirmou que cerca de 500 senhas de acesso foram identificadas como pertencentes a estagiários que já não estavam mais na instituição. O Tribunal de Justiça já afastou 14 estagiários e está investigando o uso indevido de senhas por outros sete servidores, que podem responder por violação de sigilo funcional e associação criminosa, crimes passíveis de pena de até sete anos de prisão.


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